Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/3852
Tipo: Dissertação
Título: Um Estudo sobre a feira de sementes nativas e crioulas de Juti, em Mato Grosso do Sul
Título(s) alternativo(s): A Study about the native and creole seed fair of Juti, Mato Grosso do Sul
Autor(es): Martins, Adriano Carvalho
Primeiro Orientador: Menegat, Alzira Salete
metadata.dc.contributor.referee1: Coelho, Fabiano
metadata.dc.contributor.referee2: Guillén Carías, Maria Gabriela
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo compreender a Feira de Sementes Nativas e Crioulas e Produtos Agroecológicos de Juti, município localizado no estado de Mato Grosso do Sul (MS), no âmbito da pequena produção de alimentos, analisando a rede de sociabilidades e de intercâmbio de saberes que vem produzindo, no resgate e propagação de práticas tradicionais de produção e troca de sementes crioulas. Buscamos compreender em que sentido a feira configura-se na autonomia do saber-fazer dos pequenos produtores que dela participam, dos quais parte significativa são dos assentamentos rurais e das comunidades indígenas de Juti. A feira acontece num evento anual, na cidade de Juti, reunindo um público e um conjunto de experiências heterogêneas, organizada numa rede de sujeitos para o resgate, a promoção e a propagação das sementes crioulas. Para a pesquisa, fez-se uma análise bibliográfica dos referenciais teóricos sobre o tema, bem como realizou-se uma pesquisa documental para inicialmente compreender o histórico da feira, que em 2019 esteve na décima quinta edição. Foram identificados e analisados também documentos, como os cartazes de divulgação de cada edição do evento, bem como fotografias e notícias veiculadas pelos jornais regionais, dentre eles O Progresso, compreendendo a organização das edições. Num segundo momento da pesquisa, realizaram-se entrevistas com 9 participantes e membros da organização da feira, sendo: quatro pessoas assentadas/organizadoras da feira; duas professoras universitárias, dois membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e um membro da Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul. As entrevistas foram gravadas e precederam de questionário com perguntas abertas, procurando compreender como vem sendo organizada a feira em suas diversas edições, analisar seu alcance para a pequena produção bem como identificar mudanças. No que toca às entrevistas, parte delas ocorreram na forma presencial, ouviram-se e gravaram-se os relatos, fazendo uso de roteiro semiestruturado. Já com as pessoas distantes de Dourados e que atuam/participam da feira, fez-se uso do sistema WhatsApp, garantindo ouvir sujeitos que têm feito o espaço da feira acontecer e/ou dele participam em suas diversas edições. Os resultados da pesquisa mostraram que a feira de Juti nasceu de uma rede de sujeitos, especialmente, da Comissão Pastoral da Terra, em conjunto com as pessoas de assentamentos rurais do município, sendo as mulheres suas principais protagonistas. No decorrer das edições da feira, houve a incorporação de novos sujeitos, dentre eles as pessoas das comunidades indígenas de Juti e de representantes institucionais, como da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). A ampliação da rede fortaleceu as teias, propiciando meios para longevidade e periodicidade do evento, mas imprimiu também mudanças em sua estrutura. No entanto, mesmo com reorganização, a feira ainda mantém a finalidade de sua criação, isto é, a de propagar meios para a manutenção das sementes crioulas, numa prática de resistência e de visibilidade da pequena produção, demarcando autonomia sobre seus saberes e experiências, que, na feira, são compartilhadas e fortalecidas nos diversos espaços que constituem o evento, como: oficinas, trocas de sementes, palestras, relatos de experiências e conversas informais, entre participantes. É um evento que tem ainda as mulheres como protagonistas, colocando-as como as principais guardadoras de sementes, aquelas que nutrem a lógica da partilha. Enfim, o estudo aponta a feira como espaço de fortalecimento e de troca dos saberes, de quem produz sementes e também as compartilha nos dias da feira para que se tornem alimentos. Muitas são as partilhas que nos dias do evento acontecem e seus participantes se fortalecem e produzem resistências, combustíveis que revigoram para continuarem na pequena produção, garantindo seguridade para seus saberes e autonomia.
Abstract: This research had as its objective to comprehend the seed fair “Feira de Sementes Nativas e Crioulas e Produtos Agroecológicos” of Juti, a city located in the state of Mato Grosso do Sul (MS), regarding the small-scale food production, analyzing the network of sociability and the exchange of knowledge that it has been producing, in the revival and diffusion of traditional production practices and exchange of creole seeds. We aimed to understand how the fair can shape the autonomy of the know- how of the small producers that participate on it, a good amount of them being from rural settlements and Indigenous communities of Juti. The fair is held annually, in the city of Juti, gathering a heterogeneous public and experiences, organized in a network of actors to the revival, promotion and propagation of creole seeds. The research constitutes of a literature review on the theoretical references on the topic, as well as a documental research to, at first, comprehend the fair’s record that in 2019 was on its fifteenth edition. We also identified and analyzed documents, such as the poster of each edition of the event, as well as photography and news published by regional newspapers, among them O Progresso, to comprehend the editions’ organization. The second step of the research was to organize interviews with nine members of the fair’s organization: four people who live in rural settlements; two college professors; two members of Comissão Pastoral da Terra (CPT); and a member of the Mato Grosso do Sul Organic Producers Association. The interviews were recorded and preceded by open-ended questions, aiming to comprehend how the fair has been organized on its several editions, to analyze the extent of which it affects the small-scale production, as well to identify changes. Regarding the interviews, some of them happened on-site, when we heard and recorded the accounts, making use of semi- structured scripts. For people who live far from Dourados and act/participate in the fair, we used WhatsApp system, as so to hear actors that have been making the event to occur and/or participate on its several editions. The results show that the Juti’s fair was created by a network of actors, especially the Comissão Pastoral da Terra, along with people of rural settlements in the city, the women being its main protagonists. In the course of the fair’s editions, there was the addition of new actors, among of them the Indigenous communities' people of Juti and institutional representatives, such as the Federal University of Grande Dourados (UFGD) and the Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA). The widening of the network made the webs strength, providing means to the longevity and periodicity of the event, but it also forced some changes on its structure. However, even with the reorganization, the fair still retains its creation’s aim, i.e., the propagation of means to handle creole seeds, through a practice of resistance and visibility of the small-scale production, providing autonomy over its knowledge and experiences, which, in the fair, are shared and strengthen in the several spaces that constitute the event, such as: workshops, seed trade, lectures, background accounts and informal conversation, between the participants. It is an event that still has the women as protagonists, making them the main seed keepers, the ones who nourish the share logic. In short, the research understands the fair as space of strengthening and exchange of knowledge, from people who produce seeds and also share them in the fair days so as they become food. There are several shares that happen in the event days and its participants strengthen themselves and produce resistance, a fuel to reinvigorate the continuation of small-scale production, guarantying security to their knowledge and autonomy.
Palavras-chave: Feira de Juti (Mato Grosso do Sul)
Mulher do campo
Women farmers
Escambo
Barter
Semente
Seed
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::SOCIOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal da Grande Dourados
Sigla da Instituição: UFGD
metadata.dc.publisher.department: Faculdade de Ciências Humanas
metadata.dc.publisher.program: Programa de pós-graduação em Sociologia
Citação: MARTINS, Adriano Carvalho. Um Estudo sobre a feira de sementes nativas e crioulas de Juti, em Mato Grosso do Sul. 2020. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS. 2020.
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/3852
Data do documento: 29-Abr-2020
Aparece nas coleções:Mestrado em Sociologia

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
AdrianoCarvalhoMartins.pdf5,36 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.